Então, trinta.
Um número estranho e ao mesmo interessante. Três
décadas de uma só existência, 30 anos são aproximadamente 913 meses ou 10958
dias, como diria Gessinger “... e eu, o que faço com esses números?”. Aliás,
enquanto escrevo essas linhas ouço Engenheiros do Hawaii, uma banda que me
acompanhou durante grande parte desses trinta anos e foi trilha sonora em muitos
momentos desses meus 10958 dias.
Trinta anos remete a reflexão, é onde “misticamente” está
inserido o Retorno de Saturno, período no qual você “revê” sua vida e busca
acertar os pontos, os poréns (whatever), é uma
idade onde você se afirma (ou não) como indivíduo. Reflexão é o que não me
falta. Já escrevi que sou nostálgico,
vivo pensando no que passou e no que vivi. A cada ano que passa venho
acumulando histórias, venho acumulando pessoas, venho acumulando coisas. É interessante
notar o quanto as coisas mudam, como as pessoas passam, como o tempo vai. Então
o acúmulo é na verdade de lembranças...
Ao longo desses trinta anos muitas coisas aconteceram ¬¬
(claro!). Quando pequeno, sonhava em praticar karatê (mesmo sem saber ao certo
como seria) e descobri que isso faz parte de mim, me identifico demais com toda
a filosofia por trás das técnicas. Cursei uma faculdade que nunca havia me
imaginado cursando (e hoje me identifico demais com a área), não aprendi a
nadar e continuo com medo de lugares com água acima da cintura (eu e meus medos).
Lí inúmeros livros, por conta disso ganhei até o apelido de “o homem da praça”,
pois era prá lá que ia ler. Aliás, a praça continua fantástica e ainda a considero
meu quarto fora de casa... Gostaria poder descrever tudo o que já tive de
marcante, mas minha memória já não me ajuda mais.
O estranho é que não me sinto com trinta, sempre me senti
bem mais novo do que realmente sou. Vejo pessoas da minha idade com filhos, “estabilidade”
amorosa/financeira/familiar e não me identifico com elas, me identifico mais
com pessoas de 18 ou 20, com sua “irresponsável maturidade” e sua vontade de
mudar o mundo enquanto explora todos os seus cantos...
Fiz algumas dessas reflexões em outros aniversários (27 e 28) e,
mesmo estando no passado, essas reflexões ainda me são bem atuais. Mantendo a
tradição, continuo acordado na virada para o “meu dia”, revendo tudo o que
passou, pesando todos os erros, buscando explicações para coisas inexplicáveis
e tentando fugir de coisas que estão em mim. Ao mesmo tempo me vem um sorriso
no rosto ao lembrar dos muitos momentos ótimos que tive, das pessoas
fantásticas que caminharam/caminham um tempo ao meu lado (como não lembrar de
você?), das descobertas simples que me deixaram extasiado, das coisas boas que
já me aconteceram. É um momento de balanço individual onde preciso deixar
certas coisas no passado, consertar o que estraguei e seguir adiante.
“... eu me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem
que não passa por aqui...” HGessinger como sempre, presente...
“Por isso tento não pensar no tempo, pois isso me tira
o pouco tempo que tenho” (preciso praticar isso, urgente!) Willian A. Provezi
Não me sinto velho, não me sinto jovem, me sinto como
se não tivesse vivido ainda tudo o que é possível viver... ;)
Ah, quase ia esquecendo, parabéns prá mim!
Willian A. Provezi
...
2 comentários:
Adorei o texto, muito bonito!!
Você fala muito bem do que sente, vive, lembra...
Adorei :)
Parabéns pelos trinta!
Obrigado Sandra! Apareça mais vezes por aqui, serás sempre bem vinda! ;)
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